BPN

Uma verdadeira telenovela…cada dia que passa, o BPN traz para a praça publica um novo episódio. O pior é que o fim não parece estar à vista, ainda por mais quando o Partido Socialista e a maioria parlamentar que tem, continuam a esticar uma cortina de ferro sobre o caso.

Foi tornado público através de Ricardo Rodrigues, deputado do Partido Socialista, que para o PS não faz sentido o levantamento do sigilo bancário em redor do BPN, pois não iria ajudar em nada a Comissão Parlamentar de Inquérito.

Para já o senhor Ricardo Rodrigues como porta voz, e o PS como partido que pretende chumbar esse pedido de levantamento do Sigilo Bancário, têm que explicar o porquê é que o acesso a essa informação não será útil na explicação desta bronca. Ou dizem que não ajuda porque sabem o que está na informação que não querem tornada pública, ou sabem muito bem o que a informação diz e não a querem tornar pública por essa razão mesmo. Para mim é claro como isto. Não existe uma 3ª opção por mais peixe que tentem vender.

É realmente estranho quando se tenta esconder tanto..pelo menos podiam esforçar-se a esconder com alguma descrição, mas neste momento nem isso…

DITO&FEITO de 10 Abril 2009

EM POUCOS dias, José Sócrates e o seu Governo avançaram com processos judiciais contra três jornalistas do Público, contra a TVI, contra o SOL, devido à divulgação de notícias relacionadas com o caso Freeport ou matérias afins. E até interpuseram uma queixa-crime contra um jornalista do DN por causa de um normal artigo de opinião, em tom de crítica irónica e corrosiva mas não ofensiva, que terá desagradado particularmente à irritadiça susceptibilidade do primeiro-ministro. Não há memória, no passado recente, de um chefe de Governo com tão exacerbado furor punitivo contra a comunicação social e com tamanha incompatibilidade de conviver com uma informação livre e plural, sem dependências nem constrangimentos, e, por isso, inconveniente para os poderes em exercício. Sócrates revela-se um paroquial aprendiz de Berlusconi, na sua fúria antidemocrática contra a diversidade de críticas e opiniões que ponham em causa a sua figura, os seus actos, o seu transitório poder. MAS este passo, o dos processos em tribunal e ameaças de pesadas indemnizações, é apenas o coroar de uma estratégia de condicionamento e intimidação da comunicação social não alinhada com o Governo. Estratégia que começou com pressões directas, de Sócrates e dos seus assessores, sobre vários jornalistas por ocasião das primeiras notícias sobre a sua estranha licenciatura na Universidade Independente. Que prosseguiu com manobras de coacção e de asfixia financeira sobre patrões e empresas de media. Que se acentuou, perante a sucessão de episódios mal esclarecidos da vida e da carreira de Sócrates, com intervenções e inquéritos da ERC em oportuna convergência com as reclamações do próprio. E que culminou agora, já em desespero de causa devido ao continuado desgaste do caso Freeport, com pressões sobre magistrados e o poder judicial acompanhadas desta chuva de processos à la carte contra jornalistas e órgãos de comunicação social. São sinais preocupantes de intolerância face a princípios e direitos basilares da vida democrática. E sintomas de uma perigosa deriva para o autoritarismo. Não era Mário Soares que falava dos riscos da «ditadura da maioria»? Mas é fácil e barato pôr acções intimidatórias em tribunal, para quem não suporta as custas dos processos e os honorários dos advogados. Sócrates e a sua maioria controleira decidiram, agora, usar advogados como novos coronéis do lápis azul da censura. Pagos, como dantes, pelo Estado.

Autor: jal@sol.pt

Causas e consequências

Demasiado estúpido

Jornalista Constança Cunha e Sá

Jornalista Constança Cunha e Sá

O dr. Lopes da Mota não precisa de desmentir nada: tudo o que confirma é mais do que suficiente.

Como seria de esperar, o dr. Lopes da Mota desmentiu categoricamente qualquer tentativa de pressão sobre os dois magistrados que tutelam o caso Freeport: ao contrário do que tem sido noticiado, o presidente do Eurojust garante que nunca lhes sugeriu o arquivamento do processo – quando muito, pode ter dado uma opinião descontraída sobre a matéria – nem nunca se referiu aos perigos que corriam as suas carreiras, caso estes persistissem em não levar em conta a sua habilidosa sugestão – na pior das hipóteses, ofereceu-lhes um conselho amigo sobre a melhor forma de singrar na vida. Nada mais! E nada que justifique o alarido que se fez à volta deste incidente.

À boa maneira portuguesa, o dr. Lopes da Mota limita-se a confirmar o que lhe parece ser óbvio. É verdade que teve um almoço com os dois colegas que têm em mãos o processo, onde, naturalmente, no meio disto e daquilo, se falou da investigação em curso e do seu hipotético arquivamento. Pelo caminho, e como vinha a propósito, achou por bem lembrar-lhes que o engº Sócrates queria que o caso fosse rapidamente esclarecido. Dando mostras de uma incomensurável boa-fé, o dr. Lopes da Mota esclareceu posteriormente que se tinha limitado a dar conta de um facto que toda a gente conhecia, já que o primeiro–ministro, por diversas vezes, tinha verbalizado esse desejo – e já que esse desejo, como se depreende, deve ser uma espécie de farol, capaz de iluminar a investigação que os seus colegas levam a cabo.

Quanto aos ‘recados’ que o dr. Alberto Costa terá enviado aos dois magistrados, através da sua estimável pessoa, parecem-lhe ainda mais fáceis de explicar. Antes de mais, não houve ‘recados’. Houve, sim, uma infeliz coincidência temporal que fez com que ele tivesse estado com o ministro da Justiça pouco antes de se encontrar com os procuradores que estão à frente de uma investigação que envolve o nome do primeiro-ministro. Perante isto, o dr. Lopes da Mota não precisa de desmentir nada: tudo o que ele confirma é mais do que suficiente. Se o presidente do Eurojust, o homem que assegura a ligação entre a investigação portuguesa e a investigação inglesa, no caso Freeport, andou por aí, em conversinhas dúbias, saltitando alegremente do gabinete do dr. Alberto Costa para a mesa dos magistrados responsáveis pelo processo, então, das duas uma: ou o dr. Lopes da Mota se demite; ou o dr. Lopes da Mota é demitido. Independentemente de se saber se foi mandatado para o efeito ou se, como diz o procurador-geral da República, gosta apenas de “brincadeiras estúpidas” – o que, diga-se de passagem, parece demasiado estúpido.

Constança Cunha e Sá, Jornalista